A Microsoft começa esta nova geração com um grande desafio: mostrar ao mundo que todas as incertezas sobre o Xbox One ficaram no passado. Depois de meses de polêmicas e reestruturações, o console finalmente chega ao mercado com uma proposta um pouco diferente. Em vez de apenas aprimorar aquilo que já tínhamos, a empresa apostou em novos conteúdos e formas inéditas de interagir com o aparelho. Ela quer quebrar o estigma de que video game é coisa de criança para transformá-lo na peça central de sua sala de estar.
console
Uma decisão arriscada, mas nada assustadora. Afinal, desde que entrou no mercado de jogos, a Microsoft vem surpreendendo ao transformar apostas de risco em grandes sucessos. Desde sua estreia com o primeiro Xbox ao lançamento de sucesso do Xbox 360, a companhia já provou estar mais do que pronta para a nova geração.
Por isso, o Xbox One é visto como algo muito maior do que apenas um novo console. Ele é a evolução de algo que começou em 2001 — evolução essa que pode ser vista em diversos pontos, seja no controle, na interface e, é claro, do novo Kinect, que agora é muito mais poderoso que antes.
E diante de tantas controvérsias, o sistema chega às lojas quase como um azarão. Criticado pela falta de títulos, foco excessivo em recursos multimídia e políticas restritivas, o One não só mostra que essas preocupações ficaram para trás como ainda traz um aparelho bastante completo e versátil.
À primeira vista, o Xbox One não lembra nem de perto um console de video game. A impressão que temos ao ver o aparelho é que se trata de um videocassete devido a suas linhas retas e dimensões exageradas. Ele é maior que o PlayStation 4, e chega a ser um pouco maior que a primeira versão do Xbox 360, conhecido carinhosamente como “Phat”.
Apesar do tamanho, não deve ser difícil adaptar o aparelho em sua estante ou rack, já que, assim como a Sony, a Microsoft optou por criar um desenho com linhas mais neutras. O visual de eletrônico tradicional garante uma presença discreta no seu centro de entretenimento digital.
O único inconveniente do design do Xbox One é que não é possível deixar o console em pé, como acontecia com o Xbox 360. Pessoas que possuem menos espaço próximo ao televisor sentirão falta dessa opção.
O símbolo do Xbox na frente do console serve para ligar e desligar o aparelho. Quando o video game está ligado, esse botão fica aceso, dando um charme a mais para o One. Outra característica importante é que a Microsoft aposentou o drive óptico em forma de “gaveta”. Agora, o disco é puxado para dentro do console assim como já acontece no Wii U e no PlayStation 4.
O Xbox One é dividido em duas partes iguais: a lateral esquerda, local em que fica o drive Blu-ray, possui uma superfície lisa, no estilo Black Piano. A parte direita do console é inteira vazada, dando espaço para o console remover todo o calor gerado pelo hardware. O interessante nessa parte é que a Microsoft optou por desenvolver um sistema de refrigeração bem mais direto que aquele encontrado no primeiro Xbox 360, em que um exaustor puxava o ar quente para fora através de um duto especial.
O Xbox One traz um cooler posicionado diretamente sobre o enorme dissipador de calor montado sobre a APU, exatamente como acontece no modelo Slim do 360. Com isso, a empresa garante um sistema de refrigeração mais seguro para o console, o que assegura que dificilmente teremos um problema similar ao das três luzes vermelhas novamente.
O Kinect também está de cara nova. O novo modelo possui um tamanho similar ao anterior, mas agora ele é um pouco mais robusto, deixando de lado o visual de brinquedo que ele possuía. A base móvel deu lugar a uma estrutura fixa e mais sólida, isso porque agora ele não precisa mais mudar de posição para escanear a sala.
A fonte de energia do Xbox One continua sendo externa, assim como no Xbox 360. Com isso, temos uma solução menos elegante que aquela escolhida pela Sony, que optou por criar uma fonte interna para o PlayStation 4. Felizmente, ela pode ficar escondida atrás da estante/rack, já que os cabos de conexão são relativamente compridos.
A Microsoft caprichou no conjunto de cabos que acompanha o console. Todos os fios possuem conectores personalizados no padrão do aparelho. Um exemplo disso é o cabo do Kinect, que possui o desenho da câmera na ponta do conector. Apesar dessas novidades não trazerem nenhum benefício prático, mostram o cuidado que a empresa teve com todos os detalhes do desenvolvimento do console, inclusive no acabamento.
O “bundle” do Xbox One é bem mais caprichado que o do PlayStation 4. Um exemplo disso é a embalagem: a primeira coisa que vemos ao abrir a caixa é o Kinect, em destaque — algo que lembra muito o que a Apple fazia com os primeiros Macintoshes, que era deixar o mouse em evidência dentro da embalagem.
Outra semelhança entre o Xbox One e o PS4 são as conexões inteiramente digitais. A Microsoft também abandonou os cabos de vídeo componente em prol do digital. O console inclui duas portas de conexão HDMI: uma para a saída de vídeo e outra para entrada, em que você pode conectar o seu receptor de TV a cabo ou satélite.
O aparelho também possui um conector de áudio digital, duas portas USB, porta Ethernet, conector para IR e um conector proprietário para o Kinect 2. A terceira porta USB fica posicionada na lateral esquerda do console.
O Xbox One vem com um HD de 500 GB para o armazenamento de dados e a instalação obrigatória dos games. Ao contrário do que encontramos no PlayStation 4, o usuário não pode substituir o disco. Entretanto, o Xbox One aceita a conexão de HDs externos através da porta USB, algo que não acontece com o console da Sony.
O Xbox One conta com uma APU personalizada desenvolvida em parceria com a AMD. A CPU de arquitetura Jaguar possui oito núcleos e roda a uma frequência de 1,75 GHz. A GPU do Xbox One é uma versão modificada dos chips Radeon, da AMD. Ela possui 768 engine shaders, 48 unidades de textura e roda com uma frequência de 853 MHz. Com isso, a empresa garante que o chip é capaz de atingir 1,23 TFLOPS de processamento.
O Xbox One conta com 8 GB de memória DDR3 unificada, ou seja, ela serve tanto para vídeo quanto para o sistema. A memória roda a um clock de 2.133 MHz e possui uma banda de dados de 256 bits, resultando em uma velocidade 68,26 GB/s. O segredo do Xbox One para garantir mais velocidade na taxa de transferência é a inclusão de 32 MB eSRAM, que possuem banda de 204 GB/s (102 in/102 out).
Essa estratégia foi baseada em preço e design. Como o Xbox One foi concebido para realizar muitas atividades simultaneamente, a Microsoft precisou incluir muita memória no console. O custo de produção do Kinect afetou as escolhas da empresa, fazendo com que ela precisasse escolher DDR3 em vez de DDR5.
Entretanto, para garantir a rapidez de processamento de dados foi preciso incluir a memória eSRAM de alta velocidade no console. Essa memória foi colocada dentro da APU e divide espaço com CPU e GPU — e é aí que entra o problema: para isso, foi preciso diminuir o tamanho da GPU, já que o espaço físico é limitado. Com isso, os engenheiros de hardware precisaram encontrar um equilíbrio entre os dois componentes: se mais eSRAM fosse incluída no chip, o desempenho da GPU seria comprometido até um ponto em que mais memória não teria muita serventia.
O problema é que esses 32 MB parecem não ser suficientes para renderizar os jogos em 1080p, e os 8 GB de memória DDR3 não são rápidos o bastante para garantir um bom equilíbrio entre qualidade de imagem e desempenho. Por isso os games do Xbox One estão vindo em sua maioria com resoluções que variam entre 720-900p. Veja no quadro como uma imagem Full HD fica alocada na memória:
Outro ponto que colabora para diminuir ainda mais os recursos do sistema é a necessidade de se reservar 10% da GPU para o sistema realizar outras atividades que não rodar o game em si. Com isso, apenas 1,18 TFLOPS ficam disponíveis para os programadores.
Devido a essas limitações de hardware, os desenvolvedores devem ter um pouco mais de trabalho para programar os games para o Xbox One. Entretanto, isso não significa que ótimos resultados não possam ser alcançados, e o game Ryse: Son of Rome está aí para provar que o console é capaz de apresentar gráficos impressionantes, já que, para os olhos do jogador, essa diferença na resolução é pouco perceptível.
Segundo a Microsoft, com o tempo, o poder do Xbox One deve aumentar exponencialmente. Se o hardware do console é fixo, o poder de computação da nuvem não é; e é nisso que a empresa aposta para impedir que o hardware do aparelho fique obsoleto. Novos games podem passar a utilizar esse recurso para renderizar partes dos jogos, o que deve garantir muito mais poder para a máquina a longo prazo.
Parte desse sistema de processamento na nuvem já está disponível em jogos como Forza Motorsport 5. Apesar de os gráficos permanecerem inalterados, o sistema traz recursos inteligentes como o Drivatar, que acaba com a inteligência artificial e coloca perfis de jogadores reais dentro do seu jogo.
controle
O melhor controle da geração. A pegada é ótima, evolução daquilo que a própria Microsoft apresentou com o Xbox 360. Apesar de ainda usar pilhas, não há mais aquela protuberância na parte traseira, fazendo com que seja muito melhor segurá-lo. Ele ainda é mais pesado que o DualShock 4, mas isso não é um problema — muito pelo contrário. Ele é confortável e tê-lo em mãos é bastante natural.
O layout dos botões continua praticamente o mesmo, com exceção do Botão Xbox, que foi colocado no topo do joystick e sem o formato arredondado clássico, ficando bem mais discreto. Além disso, o Back e Start também foram substituídos, dando lugar aos novos Visão (na forma de quadrados) e Menu (simbolizado pelos traços paralelos), que executam basicamente as mesmas funções, apenas com nomes diferentes.
Os direcionais analógicos também foram melhorados. Apesar de manterem o mesmo formato, com a superfície côncava, as alavancas receberam um revestimento de borracha texturizado nas laterais, quase como um pequeno pneu de carro. O curioso é que ele não cobre a parte superior do pino, criando uma pequena barreira que dificulta o deslizamento do dedo durante o uso.
Os botões superiores também foram redesenhados, ficando mais largos e se encaixando melhor nos dedos. Tanto os gatilhos quanto os botões de ombro podem ser facilmente acessados por qualquer parte do dedo, independente da maneira como você segura o controle.
No entanto, o maior destaque é o novo sistema de vibração. Não se trata mais de algo uniforme, mas de estruturas independentes espalhadas por todo o controle. Em Forza: Motorsport 5, por exemplo, você consegue sentir na ponta dos dedos a tração de cada lado do carro, a força do motor e a troca de marchas, aumentando ainda mais a imersão dentro do título. Algo tão simples e tão genial que é difícil acreditar que ninguém pensou nisso antes.
Além disso, o novo controle possui dois sensores posicionados na parte superior que ajudam na comunicação com o Kinect. Isso permite que o periférico identifique a posição do joystick e utilize o reconhecimento facial para determinar qual jogador está no comando. Esse recurso também é usado em alguns jogos, como Dead Rising 3, em que você precisa movimentar o controle para se esquivar de alguns zumbis.
Por fim, temos algumas mudanças nos conectores que tornam o joystick do Xbox One bem mais versátil. Caso você substitua as pilhas por uma bateria, ela pode ser carregada a partir de uma entrada micro USB, acabando de uma vez por todas com os incômodos do formato proprietário da geração passada. Caso você não tenha pilhas ou uma bateria à mão, tudo bem. Basta conectar o controle à porta USB do console e continuar jogando. Isso também facilita seu uso nos PCs, embora ele ainda não esteja funcionando devido à ausência de drivers.
Na parte inferior, porém, temos um conector próprio da Microsoft destinado ao headset que acompanha o bundle do console. Essa diferença acontece porque a base do fone é bem maior que o habitual, trazendo um controle de volume e um botão para ligar e desligar o microfone, deixando tudo ao alcance de suas mãos. E, apesar de se tratar de algo grande, isso não atrapalha em nada o manuseio.
kinect
Todo o conceito do Xbox One foi construído com base no novo Kinect. Para isso, a Microsoft havia anunciado que seria obrigatório ter o dispositivo conectado ao console para realizar qualquer tarefa, até mesmo games que não utilizam essa função.
Após tantas reclamações, a Microsoft voltou atrás e removeu a obrigatoriedade do periférico. Entretanto, como ele acompanha o console, não existe motivo para não querer que o dispositivo esteja ligado o tempo todo, principalmente depois que você conhece as facilidades e recursos do gadget.
O novo Kinect agora utiliza um sensor infravermelho para detectar os movimentos. Isso garante que ele pode enxergar no escuro, algo que o primeiro modelo não conseguia fazer muito be m. A nova lente também permite que o aparelho seja utilizado em ambientes mais estreitos, uma ótima novidade para quem não tem muito espaço na sala de casa.
Antes de começar a utilizar o sistema, é preciso realizar uma série de ajustes no aparelho. Para fazer isso, um guia completo explica passo a passo o que precisa ser feito para garantir o perfeito funcionamento do dispositivo, incluindo posição da câmera e ajuste de volume. A configuração inicial do console oferece essa opção, mas, caso você tenha pulado, é possível acessá-la novamente através das configurações do console.
O Kinect tem um papel fundamental na navegação pela interface do Xbox One. Entretanto, a Microsoft parece ter deixado um pouco de lado o controle por gestos, pelo menos por aqui. Embora ele esteja disponível em algumas seções, a experiência com o Xbox 360 tem mostrado que, talvez, esse não seja o jeito mais eficiente de navegar pela interface.
Por outro lado, a empresa melhorou — e muito — os sistemas de reconhecimento do acessório, fazendo com que ele seja capaz de identificar seu rosto e voz com bastante facilidade e rapidez.
Assim como já acontecia na geração anterior, o periférico pode ser usado na hora de fazer login em sua conta. A diferença, no entanto, é que isso é feito com agilidade e eficiência surpreendentes. Basta se posicionar em frente ao sensor para que ele abra o perfil relacionado. E se houver mais de um jogador no ambiente, as duas contas são abertas simultaneamente, sem que haja qualquer tipo de confusão em relação aos usuários.
Essa identificação é um dos recursos mais interessantes do Xbox One, principalmente por ele ser capaz de reconhecer quem está no comando. Ao passar o controle para um amigo que também tenha o perfil instalado do aparelho, ele altera as configurações na hora, incluindo o visual da dashboard e outras opções. Essa mudança também influencia o modo como os jogos são apresentados, já que ele carrega as preferências de cada usuário naquele título, tornando tudo bem mais prático.
No Xbox One, “conversar” com o console deixa de ser um recurso para “impressionar as visitas” e passa a ser parte fundamental da experiência, facilitando o acesso a praticamente todos os recursos da máquina. Por mais que essas funções possam ser utilizadas a partir do controle, nesta geração, mandar o aparelho executar certos comandos se torna a opção mais rápida — realçando a já comentada confusão da interface.
Um exemplo da praticidade trazida pelos comandos de voz é a gravação de trechos do jogo. Você não precisa parar de jogar e pressionar algum botão específico para isso. Basta dizer “Xbox, grave este jogo” para que ele grave as suas proezas, que podem ser acessadas a partir do aplicativo Upload e enviadas para o SkyDrive.
Outra boa notícia é que todos os comandos do Kinect estão em português e ele é capaz de reconhecer sua fala com bastante facilidade, principalmente se você configurar os microfones do acessório para que eles se adaptem ao seu ambiente. Foram poucas as vezes em que o console executou uma tarefa equivocada.
Vale lembrar, no entanto, que o periférico ainda necessita de um pouco de silêncio para funcionar perfeitamente, mesmo que os ajustes citados acima tenham diminuído a interferência da TV sobre a captação do som. Ainda assim, conseguimos realizar um “Inception” em que comandos de voz emitidos pela televisão foram reconhecidos pelo aparelho. Por sorte, são poucos os filmes que vão dizer “Xbox, vá para o início”.
Por outro lado, caso haja mais de uma pessoa na sala, conversas paralelas vão influenciar o funcionamento do dispositivo. Mais do que isso, o Kinect é incapaz de reconhecer a voz do usuário e associá-la à conta, fazendo com que qualquer indivíduo no local possa executar uma ordem. Se você está jogando e alguém mandar o Xbox One voltar à dashboard, o jogo será interrompido caso o comando seja compreendido. Felizmente o jogo não fecha — ele é apenas minimizado, evitando que você perca o progresso. É claro, desde que não seja um jogo online.
O mesmo acontece em jogos que possuem recursos do gênero. Em Dead Rising 3, por exemplo, dizer “Largar item atual” faz com que o personagem descarte a arma que ele utiliza no momento. O problema é que ele não diferencia o jogador do espectador, e qualquer espírito de porco pode deixá-lo desarmado no meio de uma horda de zumbis.
Uma curiosidade: o sensor identifica com precisão o corpo do jogador. Para se ter uma ideia, ao colocar as mãos na frente do corpo, é possível ver como o aparelho traça linhas no contorno de cada um dos dedos.
A captação de movimentos também melhorou consideravelmente. O novo Kinect é capaz de reconhecer até seis pessoas ao mesmo tempo, além de identificar o corpo e as mãos com incrível precisão. De acordo com a Microsoft, o tempo de resposta é de até 60 milissegundos, o que garante movimentos extremamente rápidos.
Ainda não existem muitos games que utilizem esse sensor, mas os poucos títulos disponíveis já impressionam. Um exemplo é o aplicativo Xbox Fitness, uma releitura de programas de condicionamento físico exibidos na TV. A detecção do sensor é incrivelmente poderosa, já que ele é capaz de ver quais músculos do seu corpo estão sendo mais flexionados no momento dos exercícios e pode determinar com exatidão se você está “roubando” na hora da ginástica ou não. É claro que nem tudo é perfeito, mas o salto tecnológico em relação ao primeiro Kinect é surpreendente.
interface
A interface do console não é somente uma evolução daquela presente no Xbox 360. A forte influência do Windows 8 também se faz presente no Xbox One, assim como a utilização do sensor Kinect, que está fortemente integrado no coração do aparelho.
A Microsoft já havia anunciado que seria preciso realizar uma atualização inicial antes de poder utilizar o console, o que aconteceu devido às mudanças na política de utilização do aparelho. Felizmente, a empresa investiu pesado em servidores e essa atualização, apesar de grande, é feita rapidamente e sem maiores inconvenientes. Durante o processo, não notamos qualquer lentidão ou travamentos.
A configuração inicial é bem simples. Tudo é muito bem explicado e sem complicação: telas passo a passo indicam o que precisa ser ajustado até que você possa começar a se divertir. Após a realização de todas essas etapas, o console mostra um vídeo com tudo o que o console tem a oferecer. É uma recepção completa, com trailers de jogos e novos recursos para apresentar o Xbox One.
Depois de toda a configuração inicial, somos levados para a tela principal em que todos os itens são organizados em tiles dinâmicas, assim como acontece no Windows 8, o mais novo sistema operacional da Microsoft. Quem tem um Xbox 360 vai perceber que a Microsoft mexeu muito pouco na interface do One — tanto que a versão do firmware é a 6.2.102010.0, evidenciando que se trata de uma evolução daquilo que já existia. A diferença é que, nesta nova geração, tudo está bem mais enxuto e direto.
A tela é dividida em três regiões principais: marcações, local em que você pode fixar os aplicativos favoritos; Tela Inicial, em que todas as principais funções do console ficam organizadas; e, para completar, a Loja.
A tela inicial começa com o perfil do jogador, disposta na primeira das tiles. Logo ao lado dela, fica a janela principal, com o jogo ou aplicativo que está sendo executado. Em volta dessa janela ficam todos os outros atalhos utilizados recentemente, como configurações, conquistas e outros aplicativos. Seu perfil é constantemente exibido na lateral da tela.
A biblioteca de jogos e aplicativos ainda deixa um pouco a desejar. Assim como já acontece no PlayStation 4, a tela carece de mais organização, principalmente se você tiver muitos games e programas instalados. Essa visível falta de organização acaba resultando em menus dentro de menus, o que pode tornar a navegação — pelo menos no início — um pouco confusa, principalmente para quem está utilizando um console da Microsoft pela primeira vez.
As coisas são tão confusas que é difícil encontrar até mesmo a opção para gerenciar os arquivos instalados no HD do aparelho. Depois de explorar todas as opções disponíveis em busca de um modo para apagar o save de Forza Motorsport 5, descobrimos que não há como fazer algo básico assim pela interface, o que nos obrigou a fazer uma combinação de botões na tela inicial do jogo.
A empresa incluiu poucas ferramentas de filtro, sendo a principal delas o próprio Kinect, que pode salvar a pele em alguns momentos. Caso você não encontre o que procura, basta ordenar ao sensor: “Kinect, vá para Killer Instinct” e aguardar o jogo ser executado, por exemplo.
Apesar desses problemas, a interface é extremamente fluida, ou seja, tudo funciona muito rápido. Como o console foi desenvolvido para ser multitarefa, recursos de hardware são reservados para garantir a agilidade nas atividades. Sem falar que é incrível passear pelos vários aplicativos e voltar para o primeiro exatamente onde você tinha parado.
Já nas conquistas, pouca coisa mudou. A maior novidade fica por conta dos Desafios, que vêm para complementar aquilo que os Achievements já ofereciam. A diferença é que eles têm um prazo limite para serem desbloqueados e, em vez de pontos, eles liberam conteúdos especiais dentro do jogo. É uma adição pequena, mas que certamente vai engajar os fãs hardcore.
Prova de que a Microsoft quer centralizar toda a sala de estar no Xbox One é a função Fixar — Snap no original. Com ela, é possível prender alguns aplicativos na lateral da tela e rodar dois programas simultaneamente em um sistema Picture-in-Picture bastante eficiente. Quer acelerar em Forza, mas a namorada quer usar o Netflix? Não tem problema, pois há espaço para todo mundo.
Outra vantagem do sistema é que, com ele, você pode continuar jogando enquanto mantém uma janela do Internet Explorer aberta para acompanhar um guia ou fica com o Xbox Music ativo para curtir sua canção favorita enquanto acaba com alguns zumbis em Dead Rising 3.
É possível controlar cada uma das tarefas individualmente a partir do comando “Mude” — ou direto pela dashboard, caso você ainda seja um defensor do uso do joystick. Com isso, o Xbox One alterna entre o programa principal e aquele que foi fixado, permitindo que você configure e deixe tudo funcionando do seu jeito.
O mais impressionante é que, apesar da redução no tamanho da tela e do fato de termos dois elementos rodando em paralelo, isso quase não afeta o desempenho do console. Em nossos testes, só percebemos uma rápida lentidão em alguns vídeos no Netflix no momento em que a função Fixar foi iniciada, mas que se normalizou rapidamente. Após isso, tanto o jogo quanto o aplicativo funcionaram perfeitamente bem.
Assim como tudo no console, esse recurso pode ser facilmente ativado pelo comando de voz do Kinect. Ao dizer a ordem “Fixar”, o sistema automaticamente exibe as opções de aplicativos que podem rodar em paralelo, e basta dizer o escolhido para que ele seja destacado ali. Além do Netflix, serviços como Crackle, Skydrive e TV podem ser usados com Snap.
Já o tão polêmico suporte à TV funciona mais como um extra do que como um recurso diferencial, pelo menos para nós, brasileiros. A função Guia ainda não está disponível e isso tira um pouco daquilo que faria o Xbox One revolucionar a forma como assistimos televisão. Por enquanto, apenas os aplicativos multimídia se aproveitam dessa função.
No entanto, o One Guide funciona exatamente como o nome sugere, ou seja, como um guia de programação. Com um único clique no botão — ou comando de voz —, o console já exibe o que está passando em todos os canais e ajuda o usuário a controlar sua agenda. Como mencionado, é uma forma de centralizar aquilo que os receivers já faziam.
E por mais que essa função ainda não nos seja útil, a TV do Xbox One se diferencia por conta de sua compatibilidade com o Fixar. Assim, sua televisão não precisa mais ficar limitada a apenas uma tarefa e você pode jogar enquanto assiste a seu programa favorito. Pense no quão mágico isso vai ser em ano de Copa do Mundo.
A configuração da TV também é bem facilitada. O console possui uma entrada HDMI na parte traseira, que deve ser usada para conectar o receptor digital de sua operadora. Feito isso, basta esperar que os ajustes sejam feitos e pronto.
Um ponto curioso é que essa entrada também pode ser usada por outros consoles. Isso significa que, a partir de um único sistema, você pode jogar dois games ao mesmo tempo. Se isso não é o futuro, eu não sei mais o que é. O único inconveniente é que, ao fazer isso, o segundo aparelho sofre com lentidão nos movimentos, criando um lag que pode atrapalhar bastante.
jogos
E já que estamos falando dos games, não podemos deixar de citar o belo “arsenal” que a Microsoft trouxe para este início de geração. Apesar de serem apenas quatro títulos exclusivos de peso, eles mostram muito bem para que o Xbox One veio.
A principal estrela deste início de geração é Forza Motorsport 5. Um dos primeiros títulos a serem anunciados para a plataforma é também um dos mais bonitos. O game mantém a qualidade de seus antecessores e se aproveita muito bem do poder do aparelho para trazer um visual de cair o queixo —rodando a uma taxa fixa de 60 quadros por segundo, o que deixa tudo bem estável em qualquer situação.
No entanto, o grande destaque das corridas não está nas pistas, mas noscontroles. Graças ao novo sistema de vibração do One, a imersão ao pilotar uma das grandes máquinas é ainda maior. Você consegue sentir a tração em cada um dos lados do veículo, assim como a vibração do motor e os trancos ao trocar de marcha. É uma experiência bem diferente daquela que estamos acostumados a ver (e sentir), mas que engrandece o título e amplia sua imersão.
Além disso, o novo Forza se aproveita do poder da nuvem para criar possibilidades inéditas. Por mais que ainda não seja possível mensurar o quanto isso ajudou o game na parte gráfica, já é possível perceber as vantagens durante as corridas. A Turn 10 aposentou o sistema de inteligência artificial, a substituindo pela tecnologia Drivatar, que utiliza perfis de jogadores reais para tornar as disputas menos
Já Dead Rising 3 vai por um caminho um pouco diferente e usa a capacidade de processamento do console para expandir aquilo que não era possível na geração passada. O game da Capcom se aproveita disso para colocar centenas de zumbis na tela sem que isso afete o desempenho do título. Por mais que tenhamos um ou outro deslize gráfico, o resultado final impressiona.
Por ser um jogo de luta, Killer Instinct não tem muito o que oferecer em termos técnicos, se limitando a ser o tão esperado retorno da série. Com um visual muito bonito e repleto de efeitos — o que torna as coisas bem confusas em determinados combos devido à grande quantidade de partículas sendo jogadas no cenário — o game é uma ótima forma de mostrar ao público que os novos direcionais digitais do controle podem ser usados para dar meia-lua, acabando com um antigo problema do Xbox 360. Além disso, ele é oferecido gratuitamente e pode ser uma ótima diversão para quem já gastou todas as suas economias com o console.
Por fim, temos o tão comentado Ryse: Son of Rome. Desenvolvido pela Crytek, ele é uma bela demonstração do poder de fogo do Xbox One. A modelagem dos personagens está incrível e repleta de detalhes que ajudam a tornar tudo mais crível e impressionante. É possível perceber os sinais de pele de cada um dos heróis, as marcas de batalha e até mesmo movimentos corporais mais sutis, como o engolir de saliva durante uma cena de diálogo. São pequenas coisas que fazem com que o épico romano seja grandioso. É o título que melhor aproveita o hardware do console e nem mesmo o fato de ele não ser Full HD tira seu brilho.
O único ponto é que ele é muito mais uma demonstração técnica do que um jogo de verdade, já que sua jogabilidade é bem limitada e muito repetitiva — o típico “bonitinho, mas ordinário”. Ainda assim, uma ótima forma para entrarmos nesta geração e animar os entusiastas que esperavamz encontrar um salto significativo nesse período de transição.
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